sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Demônios da Madrugada

Alguns dos encontros mais assustadores com entidades demoníacas durante a noite.

 



Nós éramos crianças naquela época. Não havíamos ainda nos mudado para Niterói. Meu pai já trabalhava no Rio, na Rede Ferroviária, e ele veio pra Niterói primeiro, onde alugou o apartamento e ficou esperando que terminasse o ano, quando seríamos transferidos de cidade. Até então eu morava e estudava lá em Três Rios.
Foi neste período, quando estava “morando sozinho” que meu pai passou por uma das experiências mais aterrorizantes de sua vida. Ele havia trabalhado até tarde no computador (que naquela época ainda era um bichão enorme de tela verde, da Prológica).
Meu pai conta que foi dormir como de costume, mas lá pelo meio da madrugada, começou a se sentir estranho. Era uma sensação ruim, uma angústia enorme que havia se abatido sobre ele como uma sombra tenebrosa que o engolfou. O mal estar só aumentava e era como se colocassem uma pedra em seu peito.
Lá pelas tantas, meu pai tentou se levantar, mas surpreso, deu-se conta de que não podia se mexer. A coisa era ruim mas ficou realmente sinistra quando ele abriu os olhos e no quarto escuro deu de cara com um homem, careca, pelado, sentado em cima dele!
Meu pai quis gritar, mas estava petrificado. Só restou olhar aquela horrenda figura de um homem velho e careca, sentado no peito dele, olhando direto para ele com seus olhos injetados, mas sem expressão. Parecia pálido como uma vela e de cara meu pai percebeu que aquilo ali no quarto com ele “podia ser tudo, menos gente”.
Poucos segundos depois que meu pai ficou olhando a coisa, ele se levantou, como que surpreendido. Saiu de cima do meu pai causando um certo alívio -afinal o velho careca era pesado! – e seguindo na direção da janela, pulou lá em baixo.
Logo depois que o velho pulou pela janela do 14 andar (!) meu pai recobrou os movimentos. Correu para a janela para ver se o cara estava estatelado lá em baixo e para sua surpresa, não havia absolutamente nada. Somente o vento frio da madrugada.
Meu pai diz que passou um bom tempo assustado com aquela visão, e não sabe explicar o que foi aquilo. Sua mente racional logo “explicou” que ele havia tudo um sonho que parecia real demais e nada além disso.
O tempo passou e eu coloquei aquela história na pilha de “histórias assustadoras que me contam e eu nunca mais me esqueço”, até que um dia, fuçando pela net, me deparei com esta pintura:

Era assustadoramente parecido com o que meu pai descreveu. Mas como era possível que Henry Fuseli pintasse isso em 1781? Mais de duzentos anos antes do meu pai encontrar a coisa pelada sentada em seu peito?
E foi assim que eu descobri que ao longo de séculos, os “demônios da madrugada” assustam suas vítimas. E eles aparecem em diversas culturas do mundo:
Na cultura Hmong, há o registro da  experiência chamada “dab tsog” ou “demônio apertador”. O nome é composto de “dab” (demônio) e “tsog” (apertar, esmagar). Frequentemente, a vítima afirma enxergar uma figura pequena, não maior que uma criança, sentando em sua cabeça ou peito.
Já na cultura vietnamita, esse tipo de encontro macabro leva o nome de “ma de”, que significa “segurado por um fantasma”. Muitas pessoas nesta cultura acreditam que fantasmas entram no corpo das pessoas causando uma paralisia e grande desconforto.
Na China,o encontro macabro ficou conhecido como (pinyin: gui ya shen) ou  (pinyin: gui ya chuang), o que pode ser traduzido literalmente como “corpo pressionado por um fantasma” ou “cama pressionada por um fantasma”.
Na cultura japonesa, o encontro ganha o nome de kanashibari , que significa literalmente algo como “amarrado com uma corda de aço”.
Na cultura popular húngara é chamado de “lidércnyomás” (“lidérc pressionante”) e a sensação de desespero paralisante pode ser atribuído a um número de entidades sobrenaturais como “lidérc” (aparições), “boszorkány” (bruxas), “tündér” (fadas) ou “ördögszeret?”.
Na cultura brasileira, a paralisia do sono pode ter originado a lenda da “Pisadeira”, segundo a qual, durante o sono, uma mulher lendária pisa sobre o peito da pessoa que está dormindo, enquanto esta vê tudo e não pode fazer nada.

Outras criaturas que poderiam estar nessa categoria (não sei se estão de fato) são as Pessoas sombra.

As pessoas sombra também são conhecidos como: fantasmas da sombra, vultos, seres da sombra, homens da sombra, ou povo da sombra.
Eles seriam entidades sobrenaturais em sua maioria com forma humanoide que, segundo relatos, são vistos em sua maior parte pela visão periférica durante o estado de vigília ( estado entre estar acordado e dormindo).

Há milhares de relatos dessas coisas aparecendo na cultura paranormal como algum tipo de espíritos maliciosos ou malignos. E os relatos não são apenas de agora, eles já vem desde épocas remotas, sendo os primeiros casos relatados em manuscritos encontrados em abadias do século IV.
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Estudiosos acreditam que eles sejam uma espécie de Yurei na visão do Japoneses, eram os Sucubus descritos na Idade Média e os Qarinah dos contos árabes…
Dentre os vários tipos de pessoas sombra já relatados, os mais comuns entre eles são conhecidos como a “Figura Encapuzada”, e o “Homem de Chapéu”.
Um dos primeiros demônios descritos na história é Ardat lili ou Lilitu. Este é um espírito sumério mal, e um dos primeiros demônios Hag. Lilitu era capaz de voar, e ela preferia fazer isso à noite, momento em que ela atacava os homens em seu sono.
Este demônio estaria também relacionado aos mitos de Lilith e o Lamia Roman hebreus. Quase todos esses espíritos femininos ou demônios têm em comum uma associação com ataques noturnos. Além disso, há uma série de espíritos afins descritas no Oriente Médio e folclore europeu, com conotações de pular em cima, oprimir, ou esmagar, sugar força vital e também se alimentar do medo dos indivíduos que estão a dormir quando são atacados.

Outros espíritos que poderia citar são os Ephialtes gregos (aquele que pula em cima) e a Mora (a noite “mare” ou monstro, ogre, espírito, etc)
O Incubus Roman (aquele que aperta ou esmaga),
A bruxa alemã do mar/égua, Nachtmahr, Hexendrücken (bruxa pressionadora), e Alpdruck (elfo da pressão).
A Muera da cultura tcheca, o demônio polonês Zmora, o Kikimora russo, o cauchmar francês (Ogro pisante), o Maere Inglês (A bruxa do mar), o Hagge, (espírito do mal ou do pesadelo – também hegge, haegtesse, haehtisse, haegte); o pesadilla Espanhol, além dos gregos pnigalion (a gargantilha) e os barychnas (o que pesa a respiração).
Além de atacar seres humanos indefesos, à noite essas criaturas eram mutantes, capaz de assumir várias formas durante estes ataques (Keissling, 1977).
Há também certas classes de anjos, de “observadores” e “anjos caídos, “referido nas tradições judaico-cristãs, associados ao pesadelo. Alguns foram enviados para vigiar os seres humanos, e às vezes se apaixonavam por mulheres humanas. A progênie de tais encontros foram, no entanto, monstros e demônios que atacavam pessoas indefesas.
O kokma é o espírito de um bebê morto que assombra uma área, atacando as pessoas em suas camas. Em um padrão familiar, eles pulam no peito da vítima e atracam-se na garganta. A vítima tenta gritar, ou em alguma outra forma de obter a atenção de outro, alguém que possa assustar o kokma.

Como Hufford (1976) observou quase um quarto de século atrás:
   " As experiências são generalizadas, pelo menos na cultura ocidental, e têm sido relatados regularmente por mais de dois mil anos, ligados a uma variedade de quadros narrativos, mas, independentemente do quadro, os recursos experimentais mantiveram-se basicamente os mesmos, e essa consistência de detalhes, aparentemente independente da tradição, é o mais surpreendente e difícil de explicar”.
A história do meu pai com aquele homem em cima dele me deu calafrios durante décadas, (até porque depois me mudei para aquele apartamento, né?) só relaxei com o fato quando comecei a estudar Psicologia e vi que entre as mais variadas alterações do sono estão os fenômenos associados à paralisia do sono.
Fisiologicamente, ela é diretamente relacionada à paralisia que ocorre como uma parte natural do sono REM, a qual é conhecida como atonia REM. A paralisia do sono ocorre quando o cérebro acorda de um estado REM, mas a paralisia corporal persiste. Isto deixa a pessoa temporariamente incapaz de se mover. Além disso, o estado pode ser acompanhado por alucinações hipnagógicas.
Os sintomas da paralisia do sono incluem:
Imobilidade: Ocorre pouco antes da pessoa adormecer ou imediatamente após despertar. A pessoa não consegue mover nenhuma parte do corpo, nem falar, apesar de exercer, por vezes, controle mínimo sobre certas partes do corpo (como boca, olhos e mãos) e sobre a respiração. Esta paralisia é a mesma que acontece quando uma pessoa sonha. O cérebro paralisa os músculos para prevenir possíveis lesões, já que algumas partes do corpo podem se mover durante o sonho. Se uma pessoa acorda repentinamente, o cérebro pode pensar que ela ainda está dormindo, e manter a paralisia.
Percepções: São alucinações experienciadas pela pessoa paralisada, que, por assimilarem-se aos sonhos, acabam sendo confundidas com os mesmos. Como o a consciência durante esses eventos não é plena, não é possível determinar exatamente o que é real e o que não é. Algumas pessoas relatam visões e sons estranhos, outras a sensação peso no peito, como se alguém ou algum objeto pesado estivesse pressionando-o. Há também aqueles que relatam terem saído do corpo, ou até “flutuado”.
Estes sintomas podem durar de alguns poucos segundos até vários minutos e podem ser considerados assustadores para algumas pessoas.
Embora eu admita que essas coisas podem ser realmente assustadoras, há alguns casos que podem soar ainda mais estranhos do que dar de cara com um ser misterioso em sua cama.
Diz a lenda que um desses casos aconteceu com ninguém menos que o virtuoso Giuseppe Tartini, em 1765.
Ele mesmo admitiu que certa noite acordou e deu de cara com um demônio escuro sentado em sua cama.

O demônio alcançou seu Violino e para espanto de Tartini, começou a tocar com a mais absoluta precisão, com uma habilidade e qualidade musical que o violinista jamais havia visto em toda sua vida. Tartini percebeu que a criatura estava querendo se exibir para ele, e como não lhe restava outra opção, passou a prestar muita atenção, tentando memorizar as melhores partes, já que a melodia era incrível. “Ele tocava num nível que jamais pensei que seria possível” – Escreveu.
Quando o demônio se foi, Tartini se levantou e correu para escrever os trechos principais que havia memorizado. E com isso surgiu uma das mais controversas peças musicais para o Violino, uma musica que teria sido inspirada por um demônio. Obviamente Tartini diz que sua versão não passa de uma pálida cópia de baixa qualidade da musica original, que era absolutamente fantástica, mas que ele jamais conseguiria se equiparar ao talento daquela criatura sobrenatural, por mais que se emprenhasse. Fosse a Sonata em G menor chamada “Devil’s Trill Sonata” uma real peça inspirada pelo sobrenatural ou uma engenhosa jogada de marketing do violinista, o fato é que a peça tem partes muito bonitas mesmo.

Seja como for, demônios ou paralisia do sono, o que eu posso dizer é que tudo parece muito explicável até você passar pelo perrengue de ouvir vozes no seu quarto, sentir uma estranha presença ou mesmo ver algo que não devia estar lá. Tem gente que não aceita a hipótese da paralisia do sono de jeito nenhum, o que eu acho que é também uma forma de se agarrar ao obscurantismo. Por outro lado, há casos bem estranhos, como uma fotografia que vem circulando na internet há algum tempo que supostamente registrou uma criatura escura que “pousou” em cima de um leito hospitalar durante a madrugada. Este ser fica ali alguns minutos e desaparece. No dia seguinte, o paciente que vinha apresentando melhoras em seu quadro clínico apareceu morto.


Após apresentar tudo isso, só posso lhe desejar uma BOA NOITE!

Se caso você estiver com preguiça de ler pode assistir o vídeo com a narração.
 

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